Na relva verdejante, uma violeta colorida exalava seu perfume. Um
animal invejoso, que por ali passava, a ameaçou: "Vou te esmagar e
acabar com a tua beleza."
Ela não se perturbou e respondeu: "Se me esmagares, eu te
abençoarei com o meu perfume e viverei impregnada em ti."
Na noite calma, o pirilampo divertia-se a acender e apagar sua
lanterna. Sentia-se feliz em trazer os raios das estrelas nas pequenas asas.
O sapo, que coaxava à beira da lagoa, o invejou e ameaçou: "Vou
te cobrir de baba peçonhenta e vou apagar a tua luz."
O pequenino inseto sorriu e contestou: "Se me cobrires de
peçonha, eu a sacudirei toda, libertando-me. Depois, prosseguirei a
brilhar."
A flauta, recostada em um estojo de veludo, zombou de um ágil
rouxinol preso em uma gaiola de madeira: "Sou maior do que tu e mais
nobre. Tu estás preso em uma gaiola de madeira. Eu, repouso tranqüila em rico
estojo de veludo. Sou toda de prata, passeio por mãos perfumadas e recebo os beijos
do artista que me sopra. És um pobre coitado!"
A avezinha feliz, embora prisioneira, respondeu: "Não te invejo,
amiga. É verdade que és muito preciosa, bela e forte. Eu sou uma pequena ave,
frágil e prisioneira.
Apesar disso, desfruto de alegria porque posso cantar, quando queira.
Não preciso esperar que ninguém me sopre." E, embevecida, pôs-se a
trinar.
A vela mal foi acesa, tremeluziu e, embora espalhando fraca
luminosidade, espancou as trevas próximas.
Orgulhosa, passou a se gabar de ter vencido a sombra.
Uma estrela de primeira grandeza, fulgurando no infinito, prosseguiu
espalhando a sua intensa luz, sem nada comentar.
O pavio, na lamparina, dizia de forma petulante ao azeite em que
estava mergulhada: "Como és pegajoso e desagradável. Nem podes imaginar
o quanto te desprezo."
O combustível, atento ao seu mister, nada disse. Continuou a servir,
humilde, permitindo que a lamparina ardesse e brilhasse, porque essa era a
sua tarefa. E a desejava cumprir com alegria.
O regato corria risonho por entre as pedras miúdas. Olhando para suas
margens, acusou a vegetação abundante de lhe roubar o líquido precioso.
Mãos irresponsáveis vieram, um dia, e arrancaram violentamente toda a
vegetação. O córrego sorriu, satisfeito.
Tempos depois, sem a defesa natural que a sombra lhe propiciava, a
ardência do sol absorveu a água e o regato desapareceu.
O orgulho e a soberba são sempre ilusórios. Fenecem como a erva no
campo, ante a canícula insistente.
A humildade, por sua vez, permanece e felicita.
Sê tu aquele cuja importância ninguém nota. Mas, quando se faz
ausente, de imediato tem sua ausência percebida.
Cumpre, assim, com o teu dever. E, não te preocupes com a presunção
dos que estão enganados; daqueles que acreditam que são as criaturas mais
importantes da terra.
Continua a agir no bem, a servir sempre.
Age com inteireza e nunca passarás, mesmo que a morte te arrebate ou
te ausentes para outras paragens, por alongado tempo.
***
Mantém acesa a luz do entusiasmo em tuas realizações e, sabendo-te
fadado à grande luz, deixa que brilhem as tuas aspirações nobres.
Se não podes ser o pão que repleta as mesas, sê o grão de trigo e
confia no futuro.
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no
cap. Presunção e grandeza real, do livro Em algum lugar do futuro, Espírito
Eros, por Divaldo Franco e cap. XX e XXX do livro Afinidade, do Espírito
Joanna de Ângelis, ed. Leal.
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segunda-feira, 6 de outubro de 2014
PRESUNÇÃO E GRANDEZA REAL
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