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A FORÇA PODEROSA DA NOSSA KUNDALINI SHAKTI
Na mitologia hindu, Kundalini Shakti é a deusa detentora do poder de gerar a vida. Consorte de Shiva, que é a força masculina criadora, onde reside a semente da vida, Kundalini é a força representativa do nosso poder maternal e sexual sagrado de criação.
Essa energia, dorme profundamente enrolada em nosso 1o chacra Muladhara, na região do períneo (extensão de pele localizada entre o ânus e os órgãos sexuais, tanto masculinos como femininos). Essa energia permanece enrolada três vezes e meia, o que leva à associação com uma serpente de energia que quando despertada, sobe através dos chacras até se encontrar com sua força complementar, Shiva.
Cada um de nossos chacras é uma roda de energia, um centro de consciência que possui uma missão específica de nos despertar para o processo de ascensão. Cada vez que um chacra se ilumina e domina as questões de sua missão, nós evoluímos e damos mais um passo em direção a nossa ascensão e Kundalini Shakti percorre um caminho ascensional através de nossa medula – ou canal Sushumna – e através dos nossos chacras. Existem milhões de chacras no corpo humano, mas sete são os principais , que possuem ligação com as glândulas endócrinas principais e que gerenciam todos os outros chacras secundários.
Abaixo o caminho evolutivo de Kundalini Shakti em nosso corpo:
1º Chacra ou Muladhara: é o chacra conhecido como base ou raiz. A missão desse chacra é aprender a andar sobre a Terra de forma leve, feliz e harmoniosa. É vinculado às glândulas suprarrenais e à produção de adrenalina. Quando está em equilíbrio, produz o espectro vermelho. Esse corpo se desequilibra quando não conseguimos desenvolver nossa caminhada em razão de falta de estrutura, por não termos supridas as nossas necessidades básicas. Quando por muito tempo fica em desequilíbrio, podem ocorrer doenças nos ossos, no sangue, na coluna vertebral, nas pernas e nos pés. Aqui reside a força básica e primordial da Kundalini Shakti não desperta, dormindo profundamente com suas raízes introduzidas no elemento Terra. Aqui ela permanece em sono, enrolada três vezes e meia. As três voltas, representam as três gunas, que são as qualidades do mundo fenomênico ou material: Sattva, Rajas e Tamas. Sattva representa o conhecimento e a espiritualidade, Rajas representa as emoções desenfreadas, as paixões e desejos e Tamas representa o adormecimento, a ignorância, a confusão, o primitivismo. A meia volta final, representa a liberação da ilusão e das três gunas. Nesse estágio, Kundalini assume a forma do elemento Terra.
2º Chacra ou Swadhistana: é o nosso segundo chacra, conhecido como sexual. A missão deste plexo é o sucesso e a harmonia nos relacionamentos, em nossa autoestima e em ter prazer de viver a vida. É vinculado às glândulas sexuais e à produção de testosterona, nos homens, e progesterona, nas mulheres. Quando está em equilíbrio, produz o espectro laranja. Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos nos relacionar de forma harmoniosa com as outras pessoas e conosco. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas na região dos órgãos sexuais e do baixo ventre. Quando a Kundalini é desperta e ascende até o 2o chacra assume a forma de uma serpente de água, que representa o líquido amniótico do útero materno, assumindo a condição de criadora da vida através do ato sagrado da relação sexual.
3º Chacra ou Manipura: é o nosso terceiro chacra, vinculando-se ao centro de energia conhecido como umbilical. A missão do 3º chacra é exercer nosso poder pessoal sobre a Terra de forma equilibrada, não permitindo que o ego negativo vença, mas também impedindo que exista vitimização e autopiedade. Poderíamos dizer que a missão desse chacra é contribuir para que vivamos a vida com sabedoria, trilhando o caminho do meio, através da compaixão, da tolerância e do contexto de eternidade. O 3º chacra é vinculado aos órgãos do sistema digestivo e à produção de insulina e diversos ácidos e outras substâncias estomacais. Quando está em equilíbrio, produz o espectro amarelo, a cor vinculada ao poder e à sabedoria. Esse corpo se desequilibra quando não conseguimos exercer nosso poder de forma harmoniosa e nos descontrolamos nas emoções, produzindo raiva, medo, mágoa, ansiedade, compulsão, paixões obsessivas e tantas outras emoções negativas! Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas nos órgãos vinculados à digestão: fígado, estômago, intestinos, baço e pâncreas. Neste ponto de Ascensão, a Kundalini sobe até o 3º chacra e assume a forma de uma poderosa serpente de fogo, pois assume as características das paixões, obsessões e desejos desenfreados. É a força mais difícil de ser equilibrada. Pois o fogo é um elemento volátil, que quando em desequilíbrio pode se apagar ou causar um incêndio com grandes danos ao nosso corpo, mente e espírito. Se equilibrado, é como uma fogueira que é capaz de nos aquecer e nos auxiliar no cozimento de nossos alimentos. Esse fogo representa nossa vontade incendiada, equilibrada ou apagada.
4º Chacra ou Anahata: é o nosso 4o chacra, conhecido como cardíaco. A missão deste chacra é o equilíbrio entre nosso “eu terreno” e nosso “eu divino”. Esse chacra também está vinculado ao sentimento de amor, compaixão, sabedoria, paz, equilíbrio e cura. O 4º chacra é associado aos órgãos do sistema cardíaco e respiratório e à produção de hormônios da glândula timo. Quando está em equilíbrio, produz o espectro verde, a cor vinculada ao equilíbrio, à cura e ao amor universal. Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos amar com equilíbrio e quando nos deixamos levar pelos apegos e pelo materialismo excessivo. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas nos órgãos vinculados ao sistema cardíaco e respiratório: coração, sistema vascular e pulmões. Chegando até aqui, Kundalini Shakti assume o formato de uma serpente de ar, que revela o poder sublime do amor verdadeiro, incondicional e compassivo. Essa forma da Kundalini nos revela uma sensibilidade romântica, sutil e amorosa.
5º Chacra ou Vishudda: é o 5º chacra, conhecido como laríngeo. A missão do 5o chacra é a comunicação e a expressão de nosso “eu divino”. Esse chacra também está vinculado à realização de projetos, metas, objetivos e colocar na prática aquilo que se deseja. Esse chacra é associado à garganta, à glândula tireóide e paratireóide e à produção de tiroxina, um hormônio que purifica o sangue e regula o peso do corpo físico. Quando está em equilíbrio, produz o espectro azul claro, a cor vinculada à paz celeste e à tranquilidade. Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos expressar nossos ideais, seja por meio da fala, dos gestos, da escrita ou das artes, quando bloqueamos nossas formas de expressão por vergonha ou timidez. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas na região da garganta, dos ombros, dos braços e das mãos – que são extensões de nossa garganta. Quando a Kundalini consegue subir até este nível, se transforma em uma serpente de som, que emana para o universo o sinal sonoro correspondente a tudo o que desejamos materializar e realizar. É a força da materialização que reside em nossa garganta (através das palavras que proferimos) e em nossas mãos (através das ações que realizamos), para captar uma energia imaterial e transformá-la em realização material.
6º Chacra ou Ajña: é o nosso chacra conhecido como frontal. A missão do 6º chacra é a sincronização de nossa mente com os ideais e os objetivos da Mente Divina para que possamos realizar, por meio de nossos pensamentos, os projetos divinos. Esse chacra também está vinculado à consciência espiritual e à criação de realidades supremas. Esse chacra é vinculado ao lobo frontal, aos olhos, aos ouvidos e às narinas, conectando-se ao corpo físico por meio da glândula hipófise ou pituitária, controlando a produção das glândulas de todos os chacras antes citados. Quando está em equilíbrio, produz o espectro azul índigo, a cor vinculada à consciência, à Mente Divina, ao conhecimento e ao discernimento. Esse chacra se desequilibra quando não conseguimos organizar nossos pensamentos, quando há confusão mental e ideias fúteis, desconectadas da Mente do Grande Criador. Quando fica por muito tempo em desequilíbrio, podem ocorrer doenças físicas na região dos ouvidos, do nariz, dos olhos e do cérebro. Quando Kundalini Shakti chega a este ponto, se transforma em uma serpente de luz, o que pode ocorrer em práticas muito profundas, meditativas e contemplativas. Neste nível, a mente se torna una com a mente de Deus, e os poderes mentais adquirem aspectos divinos. Dificilmente Kundalini chega até este nível, salvo por praticantes muito disciplinados, pois o psiquismo contaminado da Terra, somado à mente agitada do homem moderno, causa bloqueios tão grandes, que dificilmente a força de Kundalini consegue permear o 6º chacra livremente sem encontrar nenhum bloqueio. Existem relatos de gurus e grandes iniciados, que mencionam este nível como o encontro com a “Mãe Divina”.
7º Chacra ou Sahashara: é o nosso sétimo chacra, conhecido como coronário ou da coroa. É também conhecido como chacra akhásico, ou seja , o chacra onde reside nosso akasha, a morada do espírito, onde constam nossos registros, nossas memórias, nosso inconsciente e nosso DNA espiritual. A missão do 7º chacra é a conexão com a Fonte Divina, nosso relacionamento espiritual, com o sentimento de amor divino e a fé. Esse corpo é vinculado ao cérebro, conectando-se ao corpo físico por meio da glândula epífise ou pineal, controlando a produção das glândulas de todos os corpos antes citados. Quando está em equilíbrio, produz o espectro violeta, branco ou dourado, cores vinculadas à Divindade. O 7º chacra desequilibra-se quando não conseguimos desenvolver a espiritualidade, quando existe ceticismo, falta de fé e de relação com o Divino. Quando por muito tempo fica em desequilíbrio, podem ocorrer doenças degenerativas do cérebro, síndrome do pânico, depressões e tendência suicida. Quando Kundalini chega a este nível pouco conhecido (raros são os relatos) assume a forma de uma serpente de energia cósmica, e transita livremente pelo nosso espírito, proporcionando o processo ascensional de libertação da matéria, pois há a completa compreensão e realização da missão da alma. Raros são os que já atingiram este ápice, que só se dá com gurus, santos e Grandes Mestres da Humanidade.
Analisando cada um dos chacras, podemos perceber que cada um deles representa um “eu” separadamente, e unidos formam o ser humano integral, possuindo muitos desafios a cumprir em cada um desses aspectos.
Tudo o que acontece nesses sete centros não materiais é refletido no corpo físico. E tudo aquilo que fazemos ao nosso corpo físico é gravado nos chacras e ecoa pela eternidade. Embora abandonemos nosso corpo físico no final de cada vida, ele deve ser honrado, cuidado e preservado, para que os corpos sutis estejam sempre saudáveis e para que a força de Kundalini Shakti, consiga fluir livremente pelos chacras com equilíbrio e propósito.
Mitos e Erros sobre Kundalini e Sexualidade
Muitas pessoas com conhecimento parco sobre a cultura da Índia, atribuem a Kundalini uma associação com a energia sexual apenas. Como as maiores descrições dos fenômenos da Kundalini se encontram no Tantra, o texto sagrado hindu, que é monista e coloca a energia sexual como sagrada e geradora da vida, o Ocidente “profano” considera o tantra uma tradição apenas sexual, o que difere totalmente do que é ensinado na Índia. E é por isso, muitos “especialistas” ocidentais advertem quanto a perigo de praticar a Kundalini Yoga e despertar esta energia adormecida no momento inadequado ou de forma forçada.
O tantra considera o corpo humano um templo sagrado, onde todas as manifestações de Kundalini Shakti, seja de forma sexual, mental, emocional, espiritual são as formas sagradas de encontrarmos a Deus dentro de nós mesmos.
A visão tântrica considera que o ser humano é parte integrante da natureza e que assim deve viver, como um ser natural, integrado, ecológico e sentindo prazer pela vida, em respirar, em viver e desenvolver a plenitude de sua integração com Deus através de um caminho equilibrado e consciente da Kundalini Shakti que habita em cada um de nós.
O tantra considera que a força masculina Shiva vem do céu e a força feminina Kundalini Shakti vem da terra. Essas duas energias serpenteiam os chacras, se encontrando e fazendo amor o tempo inteiro dentro de cada um de nós, claro, se essas duas forças não encontrarem bloqueios emocionais, mentais, físicos e espirituais.
Em uma relação sexual, quando um homem e uma mulher que possuem a prática de meditar, limpar e equilibrar seus chacras, conseguem reproduzir em si mesmos a força sublime de Shiva e Kundalini Shakti, costumam atingir um grande ápice de prazer; mas para isso é preciso prática, disciplina e pureza de sentimentos, para que a sexualidade seja considerada como um caminho sagrado de encontro consigo mesmo e não um ato corriqueiro e banal de uma energia que só circula nos chacras inferiores.
Yoga, meditação, pranayamas e práticas orientais como Reiki, Tai-Chi-Chuan e outros, são bons exemplos de caminhos que podem levar a um despertar equilibrado dessas energias sagradas.
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